quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

ANJO TRAVESSO




ANJO TRAVESSO





Que anda
Que pula
Que corre
Que grita
Que faz amor
Que sente dor
Que pinta o sete
Que vira palhaço
Que beija
Que canta
Que morre
Que vive
Que sorrir
Que faz ferir
E quando entristeço
Este anjo travesso
Chora na outra face
Do lado do avesso
Do meu coração.


Zema Farias

ANESTESIA POÉTICA




ANESTESIA PÓETICA


O vento corta o meu pensamento em finas laminas de recordações, percebo que as idéias são levadas pelo infinito e fico sozinho tentando recompor a realidade dos fatos, porém sinto-me anestesiado poeticamente, mas frente a frente com uma poesia sem rimas, sem cor, sem cheiro, sem calor e que insiste em não querer se mostrar.



A fragrância poética que circulava o ventrículo esquerdo de meu coração desgovernou-se, em busca de uma nova forma de poetizar meus pensamentos e com esta anestesia realizou uma cirurgia em meus sonhos. Agora me sintonizo apenas com os restos de fantasia que ficaram para colorir a minha vida.



Zema Farias

A VIDA VAI





A vida vai
Esvai-se por entre os dedos
Como sangue
Com medo do assassino
Escorre pelas ruas
Desconcertadas
Deslavadas
Imundas
Que guarda pegadas
Das sombras da noite
Dos segredos
Dos medos
De quem não pode falar.

A vida vai
Sumindo na noite
Como uma cigana sem destino
Procurando sua sina
Desesperada.

Vai vida, vai...
Totalmente desiludida
Estúpida vida
Que fere
Adere
E insere
Em restos de lixo
Quem só sabe te amar!



Zema Farias
Agosto/2007

VERTIGEM




Sou a sensação da vertigem, o vazio da queda, o medo de cair e a insegurança do ato de esborrachar-se ao chão. O medo de desacordar pelo processo da dor, da falência que por excelência perde os sentidos.



Sou o zumbido no ouvido em tom afunilado, a escuridão da visão e ao mesmo tempo uma claridade entontecedora, o esquecer, o lembrar, a secura da boca sem saliva que não permite pronunciar uma palavra



Sou a tonteira que vira os sentidos, a cara pálida, o suor frio, a leveza e o peso da hora do desmaio. Nesta fantasia quase real sou o ponto de ligação entre ondas que vai e vem, atraindo um prazer inebriante em uma brincadeira líquida chamada vertigem, que aflora e namora ora com a vida e ora com a morte.



Zema Farias

TIMIDEZ AUDACIOSA




Baila no meu coração
Uma emoção
Quando te vejo
Meu desejo é beijar-te
Com uma louca e pura sensação.


Baila no meu coração
Uma canção
Quando te toco
Tremo em um tremor oculto
E quase ninguém percebe.


Baila no meu coração
Uma canção e uma emoção
Quando teus olhos
Enchem os meus de amor
Quando o meu pavor
Toma conta de meu corpo
Beijo-te corajosamente.

Zema Farias

POÉTICAMENTE, RANCHO



Risadas de alegria
Antes do sol
Nascer
Com toda nostalgia
Houve brilho na folia
Orvalho ao amanhecer.


Noite agora vira dia
há, ah! ah! Ah!
Ondas de incandescer.


Poder quem sabe exerce
Osso duro de roer
Somos dentro do samba
Senhores do nosso saber
Ontem, hoje e amanhã
Carnaval para a gente
É prazer.


Mestre de bateria
Erga a batuta, já é dia
Vamos mostrar na folia
Nosso estilo de viver.


Anjos do Carnaval entram na avenida
Mostrando o que é samba
E o que é sambar...
Ondas de incandescer
Finas, ofuscam seu olhar
Indo buscar em seu coração
Naturalmente, teu desejo de
Amar, amar, amar!
Na aldeia é só alegria
RANCHO NÃO POSSO ME AMOFINÁ.


Zema Farias



Os trapos de fantasia que encobriam a minha vida, foram aos poucos caindo no chão e desmascarando-me até alucinar os espectadores do grande strip-tease da vida



Rolei no palco da realidade acompanhado de um musical lento, misterioso, sinistro e cheio de melancolia, vendi um sorriso enquanto uma lágrima quente desfilava em meu rosto abertamente e todos pensavam que eu chorava de alegria.



Sentimentalmente fui ficando nu em pleno palco da vida, então escutei os aplausos dos que queriam se divertir e a vaia dos que queriam a minha felicidade.



Zema Farias